Conheça a “Rosácea” e saiba como tratar e controlar!

Na minha rotina de consultório, esse é um quadro muito frequente (especialmente aqui no Sul do país). Mas, e você, já ouviu em rosácea?

Essa é uma doença vascular inflamatória crônica da pele que acomete mais frequentemente mulheres, mas pode estar presente em homens também. Evolui com períodos de remissão (ausência de sintomas) e exacerbações (surtos de doença em atividade). Manifesta-se principalmente na região central do rosto, com lesões acometendo as bochechas, nariz, testa e queixo. 

Uma das características mais marcantes da rosácea é a pele sensível, geralmente mais seca, que começa a ficar avermelhada com facilidade. Os pacientes com rosácea, em sua maioria, não toleram o uso de ácidos e produtos dermatológicos mais concentrados, sentem ardência e desconforto com a maioria dos cremes que temos disponíveis. No início do quadro, o eritema (vermelhidão) é transitório e relacionado à ingestão de bebidas alcóolicas, extremos de temperatura, banhos quentes, atividade física e situações estressantes. 

Aos poucos, esse sintoma tende a ficar permanente e aparecem vasos finos (Telangiectasias ), pápulas (“bolinhas vermelhas”) e pústulas (“bolinhas de pus”) que lembram o quadro de acne.

Em alguns pacientes, a rosácea pode ser mais exuberante, com formação de nódulos e áreas de edema (inchaço), quando isso acontece no nariz ganha o nome de rinofima. 

Os sintomas oculares também podem estar presentes e os pacientes apresentam queixas como olho seco e sensível, além de inflamação nas bordas palpebrais (blefarite).

Sintomas

Os sintomas variam de acordo com o grau de evolução da doença. A primeira manifestação é chamada de pré-rosácea. Sua principal característica é a tendência à ruborização fácil e passageira. O quadro evolui progressivamente para uma vermelhidão (eritema) no centro da face, que não regride e está associada a crises de calor e ardência. Nessas áreas vermelhas, ocorre um aumento de vasos sanguíneos semelhantes a teias de aranha (telangiectasias), além da formação de pápulas e/ou pústulas. Essas lesões inflamatórias se diferenciam das provocadas pela acne, porque não apresentam pontos pretos (comedos). É comum também ocorrer coceira e sensação de ardor.

Em 50% dos casos, pode surgir uma lesão nos olhos denominada rosácea ocular, com sintomas semelhantes aos da conjuntivite. O retardo no diagnóstico e tratamento pode levar a danos na córnea. Nas formas mais graves, a pele fica mais espessa e aparecem nódulos inflamatórios que aumentam o tamanho do nariz, deixando-o com aspecto disforme e bulboso. Esses sintomas caracterizam a rinofima, uma complicação que afeta mais os homens. De forma resumida os principais sintomas:

  • Flushing facial – períodos de sensação abrupta de vermelhidão e calor na pele como se fosse um surto de vasodilatação;
  • Telangiectasias – dilatação permanente de pequenos vasos;
  • Eritema facial persistente;
  • Edema facial;
  • Lesões Pápulo-pustulosas;
  • Rinofima – espessamento irregular e lobulado da pele do nariz, dilatação folicular, levando ao aumento e deformação do nariz . Esses espessamentos podem ocorrer em outras áreas além do nariz, como na região frontal, malares (maçãs do rosto) e pavilhões auriculares;
  • Alterações oculares – rritação, ressecamento, blefarite, conjuntivite e ceratite.

Diagnóstico e Causas

O diagnóstico da rosácea é clínico, realizado pelo médico dermatologista no momento da consulta. Em alguns casos que apresentem características de outras doenças ou que não melhorem com o uso das medicações prescritas, pode ser necessário realizar uma biópsia de pele com exame anatomopatológico.

Exames de sangue não são necessários na grande maioria dos casos, excetuando-se os casos graves que necessitarão de medicações sistêmicas (via oral), que exijam controle dos parâmetros laboratoriais.

Há uma relação frequente da rosácea com a dermatite seborreica. Ela também já foi associada à enxaqueca e à distúrbios gastrointestinais. Recentemente, surgiram relatos de maior associação da rosácea com distúrbios neurológicos, incluindo a doença de Parkinson. Hoje, considera-se importante na fisiopatologia da doença, a participação de um ácaro da flora normal da pele chamado de Demodex Folliculorum. 

A origem da rosácea ainda não é conhecida, sendo diversos os fatores envolvidos e relacionados ao aparecimento dessa patologia:

  • Predisposição genética: 1/3 dos pacientes com rosácea relatam familiares com os mesmos sintomas. Caucasianos são mais acometidos que negros, mostrando também uma influência genética no desenvolvimento da doença positiva, evidenciando uma possível base genética;
  • Alterações emocionais: a resposta a eventos estressantes é mais exacerbada em pacientes com rosácea, que ficam ruborizados com mais facilidade quando sentem raiva, vergonha ou passam por situação constrangedora/ estressante;
  • Mudanças bruscas de temperatura;
  • Exposição solar;
  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Uso de Medicamentos vasodilatadores ou fotossensibilizantes;
  • Ingestão de alimentos muito quentes ou condimentados.

Tratamento e Controle

A medicina avança diariamente em diversas áreas, inclusive na dermatologia, com maior entendimento acerca das doenças e desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas. A cura para a rosácea ainda não foi encontrada (não há uma medicação que deixe o paciente livre de rosácea para o resto de sua vida), mas isso não quer dizer que não conseguimos controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Iniciamos o tratamento de todos os indivíduos com diagnóstico de rosácea orientando afastamento dos fatores desencadeantes principais. A pele do paciente com rosácea é extremamente sensível a produtos químicos e físicos como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e peelings, por isso, todos os produtos em uso pelo paciente devem ser revisados e substituídos por itens mais adequados.

O tratamento medicamentoso da rosácea pode ser tópico (local) ou sistêmico (com remédios por via oral), a depender do grau de doença no momento da consulta. Procedimentos como laser, eletrocirurgia e dermoabrasão podem ser indicados. A rotina de cuidados com a pele passa por revisão do médico dermatologista e algumas adequações são feitas:

  • Limpeza da pele com sabonetes suaves, de preferência tipo “syndet”;
  • Uso de protetor solar com elevada proteção UVA/UVB e com veículo adequado à pele do paciente;
  • Hidratação adequada com produtos que suavizem os sintomas (especialmente a vermelhidão);
  • Prescrição de antimicrobianos tópicos (metronidazol) e antiparasitários (ivermectina);
  • Associação de medicações sistêmicas por via oral em casos mais exuberantes;
  • Readequação dos produtos usados para outra finalidade (cremes antioxidantes e anti-idade, por exemplo).

Em casos persistentes e recidivantes, após tentadas todas as outras alternativas, há possibilidade de tratamento com isotretinoina oral em dose baixa. O médico dermatologista avalia o grau e as particularidades de cada pessoa para indicar o melhor tratamento. Muito importante a consulta e o acompanhamento oftalmológico. Com o controle geral desses diversos fatores, pode se conseguir uma melhora satisfatória da rosácea. 

Entre em contato conosco caso apresente quadro semelhante, quando o assunto é pele, nós podemos ajudar!

Att,

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